segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Imigrantes dão cara a regiões em que se estabeleceram em SP

Imigrantes dão cara a regiões em que se estabeleceram em SP
EVELYN CARVALHO

colaboração para a Folha
São Paulo tornou-se a casa de alguns grupos de imigrantes. Um dos mais importantes deles é o de italianos, que chegou à cidade no final do século 19 e demarcou seu território na Mooca (zona leste).
No passado, o estabelecimento dos habitantes na região ocorreu por conta da proximidade com as fábricas do Brás, onde trabalhavam. Hoje a Mooca atrai quem gosta de um local tranquilo, sem perder a comodidade de morar relativamente perto do centro e de ter à mão um amplo leque de serviços.

Ruth Cardamone, 74, é funcionária pública aposentada e faz parte de uma família de descendentes de italianos que está há cinco gerações no bairro. Ela herdou do pai um amplo apartamento em um antigo prédio de dois andares. "Quem sai da Mooca acaba voltando, porque não se acostuma a outro lugar."
Segundo a pesquisa DNA Paulistano, realizada pelo Datafolha em 2008, a fidelidade é de fato uma característica dos moradores do distrito da Mooca --52% deles acreditam que seu bairro é melhor que os demais da cidade.
Apesar de manter um ar conservador, a região dá sinais de que passará pelo mesmo crescimento vertical do Tatuapé e do bairro Anália Franco.
O preço médio dos lançamentos na Mooca em 2008 e 2009 (R$ 3.670) superou o do Tatuapé (R$ 3.034), segundo dados da Geoimovel.
Já quem mora na Liberdade, região central de São Paulo, defende que o bairro é muito mais do que a feira típica japonesa e as lanternas vermelhas da rua Galvão Bueno. Sua fronteira chega até as proximidades da Aclimação e do Cambuci.
Área íntima
Nessa ampla área vivem não apenas japoneses e descendentes mas também coreanos e chineses. "Os orientais gostam de imóveis espaçosos e valorizam a segurança", afirma Aldo Ferreira de Assis, proprietário da imobiliária Afassis.
O corretor também revela que a discrição é mais um ponto marcante das três culturas. "Elas dão preferência à área íntima e não gostam de se expor."
Descendente de japoneses, Sergio Sado Hattano, 40, possui um pequeno comércio na região e há sete anos mudou-se do Ipiranga (zona sul) para um imóvel de dois dormitórios próximo ao seu estabelecimento. "Agora estou mais perto do trabalho e não perco tanto tempo no trânsito", justifica.
De 2006 a agosto de 2009, houve 11 lançamentos imobiliários no distrito da Liberdade, segundo a Geoimovel. O preço médio do metro quadrado em 2008 e 2009 foi de R$ 4.881.
Colônia judaica
A expressiva colônia judaica que habita Higienópolis desde meados do século passado fez desse bairro da região central paulistana um local repleto de referências a sua cultura.
Os imóveis são, em sua maioria, de alto padrão. Helio Mizrahi, proprietário da HM Imóveis, afirma que as famílias predominam: "70% dos apartamentos são de três ou de quatro dormitórios", caracteriza.
Quando ortodoxos, os judeus instalam duas pias na cozinha --uma para laticínios e outra para carne, como preconiza a culinária "kosher".
Entre os preceitos do "shabat", não é permitido acionar o elevador durante o período semanal de descanso, que vai do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado. Por isso, muitos judeus preferem apartamentos em andares baixos.
Há edifícios em Higienópolis que solucionaram essa questão de maneira mais tecnológica. Durante o "shabat", o elevador é programado para parar em todos os andares; ao usuário cabe apenas esperá-lo chegar ao seu pavimento.

A Folha de S; Paulo de 3 de janeiro de 2010

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